quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Filme Tenharin 2014

Debate: Tenharin - Etnocídio no Sul do Amazonas - 2014



CONVITE

Estimadas e Estimados,

Vimos, através deste, convidar a comunidade em geral para o debate “Tenharin: Etnocídio no Sul do Amazonas – 2014”, cujo objetivo é problematizar a questão do povo Tenharin, indígenas atualmente em situação de conflito no Sul do Amazonas.

O debate é aberto não somente para a academia, mas para toda a sociedade/comunidade que tenha interesse em conhecer um pouco mais sobre a Amazônia e os conflitos que perpassam terras indígenas em função da exploração dos recursos naturais, subjugando um povo inteiro que atualmente vive numa situação de privação de muitos dos seus direitos humanos.

Data: 17 de setembro de 2014, das 14h às 18h.
Local: Anfiteatro de Geografia (Departamento de Geografia/FFLCH/USP – Campus Butantã).

As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas através do e-mail debate.tenharin@gmail.com ou presencialmente no dia do evento. Deverá constar no assunto “INSCRIÇÃO” e no corpo da mensagem o nome completo, a instituição e/ou curso e o contato.

Haverá emissão de certificados.

A realização da inscrição prévia não é obrigatória. Pode ser realizada no momento do debate também para que possamos emitir os certificados. Lembramos que a participação é livre e o debate aberto a todas e todos.

Realização:
Núcleo de Estudos de História Oral (NEHO/USP)

Apoiadores:
Diversitas
Aliarne

Carta Explicativa

O Povo Tenharin do sul do Amazonas está sofrendo ataques etnocêntricos na cidade de Humaitá e dentro de sua terra indígena demarcada e homologada.

Há registros de conflitos entre povos indígenas e colonos na cidade de Humaitá desde o início do século XX, quando as violentas expedições do ciclo da borracha quase dizimaram os povos indígenas da região. Na década de 70, os Tenharin tiveram seu território atravessado pela rodovia Transamazônica e desde então sofrem as consequências decorrentes.

Em Dezembro de 2013, ocorreu a morte de um dos caciques do Povo Tenharin e, em seguida, a acusação e prisão sem provas concretas de cinco Tenharin, pelo desaparecimento e morte de três não indígenas no trajeto entre Humaitá e Santo Antônio do Matupi (sul do Amazonas).

Desde então, eclodiu um ataque anti-indígena direto aos Tenharin, mas afetou todos os demais povos indígenas da região. Na cidade de Humaitá foram queimados carros e barcos que eram utilizados nos deslocamentos para as aldeias; A área de administração da FUNAI CR Humaitá, a sede da FUNAI, a Casa de Saúde, e a casa onde funcionava a organização do povo indígena Parintintin também foram incendiadas.

Não indígenas pertencentes ao distrito de Santo Antônio do Matupi invadiram a terra indígena dos Tenharin. Incendiaram os postos de cobrança de indenização pela passagem na rodovia transamazônica, causadora de transtornos ao atravessar seu território. Também foram queimadas casas habitadas por famílias Tenharin e durante o ataque as crianças e mulheres se esconderam no mato, algumas se perderam, se machucaram, e os homens Tenharin não reagiram à fúria dos invasores para não aumentar o conflito.

O Povo Tenharin continua sendo criminalizado por anti-indígenas. Suas crianças foram impedidas de estudar na escola de Matupi, e todo o Povo foi ameaçado de ser atacado se fossem para a cidade de Humaitá. As redes sociais foram tomadas de mensagens condenando-os e disseminando o ódio contra eles.

O Povo Tenharin pede a liberdade dos cinco indígenas presos e a implantação urgente de postos de segurança nos limites de seu território, para que o novo cacique seja empossado, a festa de renovação espiritual aconteça, os velhos não morram de tanta tristeza, os ataques dentro de seu território não ocorram mais e que o Povo volte a viver sua vida cultural livre do medo.

TENHARIM: ETNOCÍDIO NO SUL DO AMAZONAS

Expositores:

Edmundo Antonio Peggion (UNESP)
Possui graduação em Ciências Sociais - Licenciatura e Bacharelado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1992), mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (1996), doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (2005) e Pós-Doutorado pelo Dipartimento Uomo & Territorio da Università Degli Studi di Perugia, na Itália . Atualmente é professor Assistente Doutor II da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Graduação em Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais) e professor-colaborador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena, atuando principalmente nos seguintes temas: índios da América do Sul, organização social e parentesco, dualismo, ritual e Tenharim. (Fonte: Currículo Lattes)

Márcia Mura (USP)
Possui graduação em História pela Universidade Federal de Rondônia (2001). É mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, pela Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência com educação escolar indígena, faz parte do Instituto Madeira Vivo. Atualmente é doutoranda em História Social pela Universidade de São Paulo - USP.

Luciana Riça Mourão Borges (USP)
Licenciada e bacharel em Geografia pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. Mestre e doutoranda em Geografia Humana pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana do Departamento de Geografia da FFLCH/USP. Integrante do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Territorialidade e Sociedade, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) e do Laboratório de Geografia Política (GEOPO).

Jera Guarani Mbya
Liderança e professora na aldeia Tenondé-Porã/São Paulo.

Israel Sassá Tupinambá – Debatedor
Assessor da Comissão de Direitos Humanos da 116° subsessão da OAB, militante do Tribunal Popular e do Movimento Indígena Revolucionário (MIR). Atua na articulação política e apoio para as Retomadas Indígenas.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Denúncia!!!!





Uma das imagens do ataque que o Povo Tenharim sofreu dentro do seu território.

Nós do Instituto Madeira Vivo, (organização socioambiental sem fins lucrativos) Pedimos o apoio de todos os brasileiros e dos cidadãos estrangeiros para que o mundo saiba da total desumanidade cometida aos povos indígenas Tenharim e Mura do sul do Amazonas e as populações das margens do rio Madeira no Estado de Rondônia.
O Povo Tenharim que teve seu território atravessado na década de 70 pela rodovia Transamazônica e desde então vem sofrendo consequências causadas por essa rodovia, mais uma vez, está sofrendo com ataques etnocêntricos. Dentre esses ataques ocorreu a morte de um dos caciques do Povo Tenharim e, em seguida, a acusação e prisão sem provas concretas de cinco Tenharim, pela morte de três moradores não indígenas que desapareceram no trajeto entre Humaitá e Santo Antônio do Matupi (sul do Amazonas). Desde então, eclodiu um ataque anti-indígena direto aos Tenharim, mas que afetaram todos os povos indígenas da região. O Povo Tenharim pede a liberdade dos cinco Tenharim presos e a existência urgente de postos de segurança nos limites de seu território, para que o novo cacique seja empossado, para que a festa de renovação espiritual aconteça, para os que velhos não morram de tanta tristeza, para que não sofram mais ataques dentro de seu território e para que o Povo volte a viver sua vida cultural.
Os Mura do rio Itaparanã (sul do Amazonas) que se encontram num processo de reivindicação de demarcação de sua terra também estão se sentindo ameaçados com os ataques não-indígenas contra os Tenharim, pois todo o processo de fortalecimento político foi interrompido. Algumas famílias Mura vivem na cidade porque não se sentem seguros em permanecer em sua comunidade, pois sofrem pressão de invasão de sua terra por parte de não-indígenas que estão desmatando ilegalmente, fazendo caça e pesca predatória e abrindo estradas vicinais clandestinas dentro da terra Mura reivindicada para demarcação, além disso, os não indígenas que vivem no entorno coíbem os Mura de reivindicarem a demarcação de sua terra.

As populações das margens do rio Madeira em Rondônia e também no sul do Amazonas foram destruídas pela enchente causada não somente pelas chuvas, mas principalmente porque o rio tem duas barragens que impedem suas águas correrem livremente. Agora que as águas baixaram as casas estão destruídas, as plantações mortas e a água contaminada. Essas comunidades não podem morrer em nome do suposto progresso e desenvolvimento econômico do Brasil. Todos nós da Amazônia também somos brasileiros e merecemos viver com dignidade, também merecemos ter nossos direitos humanos respeitados. Queremos um desenvolvimento que garanta nossa existência e não um desenvolvimento que nos mata!   

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Vivências indígenas em São Paulo


Em 2014 tenho que ficar longe do meu lugar de afeto e lutas, Porto Velho, por causa das atividades do doutorado em História Social na USP, um espaço em que atuo junto com outros parentes indígenas e aliados no movimento de ocupação indígena. Nesse mês de abril eu e meus filhos Lucas e Tanan nos envolvemos nas ações a favor da demarcação das terras dos Guarani em São Paulo e em atividades de valorização da cultura indígena. Nesses espaços de interação também aproveitamos para tornar conhecida as lutas das populações amazônicas contra os projetos desenvolvimentistas.











Valorização da cultura indígena


''1º Jogos Indígenas da Cidade de São Paulo - 19 de abril de 2014' Eu, Lucas e Tanan Mura juntos com demais parentes indígenas, Ticuna, Guarani, Guajajara e Xavante, trabalhando num evento de valorização da cultura indígena. 

Reafirmando a identidade indígena nas trocas de experiências entre parentes


Meu filho Lucas Maciel Ferreira reafirmado sua identidade Mura no
''1º Jogos Indígenas da Cidade de São Paulo - 19 de abril de 2014' - 
Além de ter se empenhado na coordenação das atividades esportivas e recreativas ganhou em primeiro lugar no concurso de beleza indígena masculina realizado no evento. Fiquei super orgulhosa.

Novas vivências



Nos dias 16 e 17 de maio estarei no encontro de escritoras iberoamericanas em São José do rio preto – São Paulo - brasil, a convite do SESC- Rio preto: (...) “VI Jornada Internacional de Mulheres Escritoras”, com uma palestra, no SESC de Rio Preto, São Paulo".
Apoios:
SESC-São Paulo –UBE (União Brasileira de Escritores)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

sábado, 4 de janeiro de 2014

Fim trágico de 2013 e o desafio de manter a luta em 2014


2013 terminou de forma trágica com os conflitos interétnicos entre não indígenas e indígenas. Durante todo o ano houve conflitos de disputas territoriais entre madeireiros, latifundiários, frentes do agronegotóxico, projetos de mortes do governo federal, como hidroelétricas, rodovias, dentre outros projetos que estão interligados a expansão da exploração capitalista que passa por cima de territórios tradicionais de povos indígenas, extrativistas, quilombos e demais comunidades tradicionais. Esses projetos desrespeitam os modos de vida dessas populações, destroem seus espaços de ocupação tradicional onde significam suas vidas que correspondem aos espaços dos roçados, dos cemitérios, das coletas, das caças, das pescas, das festas.
A intervenção de projetos desenvolvimentistas que desconsideram os modos de vida das comunidades modifica toda a configuração cultural dessas comunidades, porque muda tudo, a cheia e a seca dos rios e igarapés mudam de período, essas alterações interferem no modo em que essas comunidades marcam sua temporalidade, além da contaminação de água, a chegada de muita gente de fora, que trás junto outros problemas sociais, como modificação nas relações estabelecidas na comunidade.

Passei o ano inteiro vivenciando experiências nos espaços às margens dos rios e lagos que foram antigos territórios de perambulação indígena que se tornaram espaços de seringais e que atualmente é um espaço formado por uma população que mantém tradições e ao mesmo tempo fazem uso de tecnologias do mundo moderno. Também vivenciei experiências com os parentes indígenas que na resistência constante mantém suas línguas maternas e sua cultura e com aqueles que estão em processo de retomada territorial e em fase de reafirmação identitária.

2013 foi um ano em que andei muito de barco e interagi com as redes de relações dos espaços de vida às margens dos rios e lagos, tomei muito banho nas águas amazônicas, comi  moquém de caça e peixe, frutas e tomei vinhos das frutas, como o do açaí e da abacaba, experimentei a coleta e a quebra da castanha que foi mágica e ao mesmo tempo um trabalho duro, também fui para o trabalho coletivo no roçado – puxirum, participei das festas de santos que para além da interferência da tradição cristã e muito mais ritual de rememoração dos antepassados e nos territórios indígenas as festas tradicionais, a relação de parentesco afetivo, as festividades e as lutas indígenas. Vivenciei intensamente a Amazônia que luto para continuar existindo e fui para a atuação política na denúncia das ameaças e destruições causadas por projetos desenvolvimentistas do governo federal.
2013 terminou com muita injustiça causada aos Povos indígenas e dentre elas as violências simbólicas e as mais concretas contra os parentes Tenharim na cidade de Humaitá e no seu território. Terminei esse ano com o nó na garganta, com choro engolido por ver mais uma vez a violência do etnocentrismo sobre os indígenas. Até quando vai ser assim: os territórios indígenas são invadidos e os indígenas resistindo apesar dos genocídios e toda a tensão da relação interétnica entre não indígena e não indígena onde apenas o indígena é condenado e visto como o selvagem???  Penso que sempre, pois vamos continuar lutando por nossa existência, pelos territórios, sem território não tem tradição cultural.

O grande desafio que se coloca nesse 2014 é não ceder às pressões capitalistas e etnocêntricas é manter a resistência é fazer uso das articulações políticas para fortalecer a resistência. Nesse ano de 2014 vou ficar longe de tudo que me renova para a luta para a vida, vou ficar longe das águas, das matas, dos parentes dos espaços de seringais e dos territórios indígenas, mas vou ser forte na selva de pedras (São Paulo) me aliar aos indígenas e não indígenas que fazem uso do espaço da academia para fortalecer a defesa dos territórios dessas populações. Vou me manter na luta sempre!!!!! Vou ser forte como meus parentes indígenas.