quinta-feira, 31 de maio de 2012

A vida é sempre uma luta!


Desde que me entendo por gente eu venho lutando, mas nunca sozinha, mesmo quando a luta é pessoal. Desde os 10 anos de idade lutei com minha mãe e minha avó para que eu, elas e meus irmãos vivesem. Lutei  por amor e pelo amor, por novas buscas, sonhos, pela Amazônia, por dias melhores, mas nunca só, nas lutas pessoais fui impossionada por tanta gente que acreditou em mim, começando pela minha avó e minha mãe, e continuando pelo Iremar e por todos e todas as pessoas amigas. Nas lutas coletivas me fortaleço com todos e tadas que lutam! Mesmo nesses dias dificíeis que nós, que vivemos as margens dos rios da Amazônia estamos passando, me fortaleço em cada gesto de coragem dos que persistem na luta!

domingo, 27 de maio de 2012

Projeto de ser


Fui forjada a ferro e fogo... Não cedo mais um milimentro... Minha busca é por reconstruir tudo o que foi destruído em mim... Mesmo que meu projeto de ser esteja sempre entre esse mundo onde eu nasci já sem história, já sem língua, com eus antenpassados sem relação com seus antepassados e o mundo que eu quero recuperar do qual restou fragmentos já de forma modificada!!!!! Lutar pra quem sente na carne o que é perder seu mundo é fundamental para a condição da existência. O primeiro passo: não aceito mais a identificação parda... Parda é ser merda nenhuma! Assumi minha identificação Indígena no IBGE, como posicionamento político, mesmo que a única coisa que tenho pra reafimar minha etnicidade seja minha própria construção de sentido baseada no que vejo em mim e nos fragmentos da história indígena na Amazônia!!!! Se todos que são resultados dessa política aplicada pelo ESTADO de forma sistemática para o apagamento da identidade indígena e afro no Brasil, se assumisem enquanto tais, seria possível visualializar o efeito da mesma e construir novas políticas por nós mesmos. Não aos mascaramentos do embraquecimento, pelas definições de parda. morena clara, entre outras. Embora a teoria da missexenação tenha conseguido gerar um produto, e hoje não possamos negar o elemento branco em nossa constituição, mas não podemos manter sua predominancia e imposição cultural... Eles nunca foram superiores, apenas se imporam como tais, com suas armas, com seus cavalos, com suas justificativas soberanas de guerra justa contra os que não aceitavam a pacificação, os quais foram alvo de tamanha violência e aniquilamento!!!  É importante que isso seja reavivado o tempo todo em nossas memórias para nos impussionarmos para nossas lutas contra esses projetos desenvolmentistas que retomam pensamentos e politicas arcaícas do colonialismo.

sábado, 26 de maio de 2012

Saudade da linguagem da minha avó



Hoje na oficina de Guimarães Rosa, vendo tanta riqueza na linguagem que ele registra, cria e recria... Fiquei lembrando da linguagem que minha avó utilizava. Lembrei de algumas palavras e me assustei porque percebi que estou começando esquecê-las e fiquei com medo porque o esquecimento dessa linguagem é o desaparecimento de uma existência, de um mundo específico, de uma singularidade. Fiquei lembrando não só das palavras, mas da voz, do jeito de falar, do gesto, do sentimento, do corpo que se atualizava junto com elas. Lembro dela falando ainda mais quando achava alguma coisa absurda. Acho lindo o jeito como ela falava chitinho, essa palavra pra mim é cheia de carinho que além de se referir a tamanho pequeno vem acompanhada de uma imagem de afeto, cuidado, ela geralmente falava para se referir a alguma criança, ou uma pessoa pequena. Chitinho me fez lembrar franzino, que é alguém magro com certa fragilidade, mas também cheia de cuidado com a pessoa caraterizada por ela de franzina. Lembro dela falando de uma comadre: "Ela era chitinha toda franzina" com jeito meigo. Essas e tantas outras palavras povoam minhas lembranças. Não esqueço de um dia quando eu tinha nove anos de idade que ela disse pra eu pegar o bacio debaixo da cama e eu olhei várias vezes e só via um pinico e ai falei - Vó não vi nenhum bacio não. Aí ela meio brava foi lá e me mostrou o tal bacio que era o pinico. Foi nesse dia que eu descobri que pinico também era um bacio. Como essas palavras, várias outras, configuram um mundo do seringal fundido num mundo indígena do qual ela fez parte: Cunhantã, Curumim, Olha já!, monstro (uma pessoa, um animal, ou outra coisa grande: "ele era um mostro de um homem!"), agora (como adversidade), amarelão(a) empompado(a) (pessoa pálida com vício de cheirar a rola/piroca, xibio/cachimbo ou por comer bustela). E o jeito de revidar quando alguém a contrariava: O que me importa! (com a maior indiferença), mas o melhor mesmo era: não dou nem meu cu pra cheirar que não é rosa!(fazendo poco mesmo!). Eu adoro esse e sempre faço uso dele quando alguém vem querer se fazer de besta pro meu lado!

Tia Dita - No Raiar da Aurora _ Oficina Tela Brasil Cotia (SP)***

terça-feira, 15 de maio de 2012

Desbarrancados

YouTube - Vídeos dessa postagem
http://youtu.be/u8eNuBCryek


Esse documentário é para o nada... isso foi uma fala do professor Sebe na oficina de história oral: em busca de uma história oral pública, promovida pelo neho/usp - Núcleo de Estudos em História oral da USP, onde foi apresentado em primeira mão por mim, Joezer e Ariana. Num primeiro momento estranhamos quando o professor disse que o documentário se dirigia ao nada, mas depois compartilhando nossas interpretações do que ele disse com ele, ficou claro que apesar de da imposição do Estado em nome de um interesse nacional, não deixamos de falar, de gritar, denunciar, mesmo que não sejamos ouvidos, levados em consideração por essa politica desenvolvimentista. Os desbarrancados como um grito ao nada passou a existir. Ele é o registro de indignaçãoes, de lutas, recomeços, enfrentamentos e acima de tudo um dizer: não ficaremos calados!!!! diante dos projetos de morte impostos para a Amazônia.

Doc: “Toxic: Amazônia”

 Esse link é de um doc que uma amiga que mora no Para me enviou. Ele trata das situações de disputas de espaços entre populações locais e grandes estatais, fazendeiros, madeireiros, hidroelétricas. De um lado as populações locais que constituem suas vidas no espaço de forma sustentável de outro as políticas desenvolvimentistas que expulsam, matam ou jogam as margens sociais as populações que ocupam tradicionalmente, tais espaços disputados. E tudo em nome de um interesse nacional....

http://www.vice.com/pt_br/toxic/toxic-amazon-full-length

CORUMBIARA - Filme Completo

contraometodo: CORUMBIARA - Filme Completo

contraometodo: CORUMBIARA - Filme Completo

CORUMBIARA - Filme Completo

Quando assisti esse filme pela primeira vez, ano passado, fiquei perplexa por ser um etnocídio tão recente e tão debaixo de nosso nariz. Fiquei pensando como os tratores passam por cima de duas etnias inteiras e mata tanta gente? Que significa materialmente a morte de dois povos, dois mundos. Esse massacre dos Kanoê e dos Akunt`su é denunciado em 1985 pelo  indigenista Marcelo Santos, ocorrido na Gleba Corumbiara (RO),  Marcelo e sua equipe levam anos para encontrar os que restaram. Duas décadas depois, "Corumbiara" revela essa busca e a versão dos próprios indígenas. Depois de assistir ao filme a única coisa possível de ser constatado é que isso é um descaso completo do ESTADO BRASILEIRO é mesmo um etnocentrismo muito forte presente na sociedade Brasileira. Isso indica o que? Que a política de Estado continua sendo a de extermínio dos que sempre desde o colonialismo foram considerados selvagens que impedem o desenvolvimento. Esse discurso se atualizada a cada momento em nossos dias, a exemplo disso estão aí as implantações das hidrelétricas na Amazônia desconsiderando grupos livres de indígenas que perambulam em áreas que cada vez mais são cercadas por fazendeiros/exterminadores, estes grupos livres quando escapam das balas dos jagunços, dos tratores, passam a não ter nenhuma garantia de vida por causa do alagamento de seus territórios de perambulação, que já estão tão restritos, como no caso dos que se encontram entre o território dos Karitiana e Karipuna que vão ser afogados pela hidrelétrica de Santo Antônio em Porto Velho Rondônia. E os Xingu? e todos os outros???? povos???populações, gentes, pessoas... Humanos???Outros? Nós? Iguais? Diferentes??????